10/05/10

embrulhei-te




embrulhei-te em camisa minha
aos quadradinhos
para te roubar o cheiro
e em pedacinhos
a sentisses junto a ti
pedi que a sujasses
com as saudades que trazias
que a abraçasses
e a enchesses com toques
de pele onde me perco
e onde em cerco
te aconchego os sentidos
sobrando tecido em volta dos teus seios
cheios de sorrisos endurecidos


as mangas escondiam os dedos
que te afagavam os lábios
e eu, adivinhando as brincadeiras que fazias
desejava saturá-los de beijos molhados e mornos
desenhando mentalmente os seus contornos

semi-despida, semi-vestida
ias impregnando o teu perfume
aquecendo o lume
no tecido vermelho, cor de sexo
sem ordem, sem nexo
em cada quadrícula
colocavas um fragmento de ti:
um beijo a escorrer
um arrepio sem se ver
uma gota de prazer

ficaram pintados no gradeamento
perpetuando o momento
com pequenos bocadinhos que me deixaste trazer
hoje, quando morro de saudades
serro grades e liberto-te em cheiros
verdadeiros
que me envolvem
me comovem
e me bebem
hoje, quando morro de saudades
encho-me de vontades
incontidas
e jogo xadrez vermelho, às escondidas

1 comentário:

  1. uma camisa com uma história linda a ser-se lida...
    bj libertyo

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